2005. Ano em que jamais esqueço e esquecerei. Em especial por esta situação aqui: almoçando com colegas de trabalho (do setor vizinho), todos jovens entre seus 20 e poucos anos, iniciou-se uma discussão sobre um tema polêmico que, exceto por mim, todos os demais já tinham sido impactados: O tal do poliamor.
Aquela conversa me chamou a atenção em particular porque um dos colegas me parecia ser totalmente mal compreendido pelo grupo. Passei os primeiros minutos apenas observando e tentando entender sobre o que estavam falando.
Ouvia frases como “nada mais é do que suruba”, “e vivam os hippies, eles já sabiam”, “quero ver sua mulher nesse bacanal aí”… tudo em tom de tiração de sarro, com todos rindo ao redor. O colega nem de longe se ofendia – e nem era mesmo a intenção do grupo – mas continuava inconformado das pessoas não entenderem sobre o que ele estava tentando dizer…
E eis que então colei nele e pedi para ele me explicar. Fui ouvindo e pensando: interessante… meio utópico, mas interessante. E então ele me passou uns links para pesquisar.
O futuro me chamou atenção
Assim que entrei no primeiro site, já percebi que este tema era muito discutido entre psicólogos e áreas afim. E comecei a abrir umas teses de mestrado, doutorado… não as li completamente, apenas fui batendo o olho rápido, fuçando, explorando aqueles links todos… e tudo começou a fazer muito sentido na minha cabeça – apesar de ainda me parecer um pouco utópico.
E eis que então não levou muito tempo para que eu estivesse na pele daquele meu colega cada vez que trazia o assunto à tona nas mesas de bar, nos deliciosos happy hours com amigos.
Eu tinha um único objetivo em mente: alertar as pessoas que existiam diversos sinais na sociedade atual (notem que estou falando de mais de 10 anos atrás) que me levavam a crer que por mais absurda que aquelas ideias pudessem parecer aos olhos da grande maioria, que muito possivelmente seriam naturais para os nossos futuros filhos.
E que a discussão era séria. Porque se não fosse, construiríamos todo um cenário ao longo dos próximos anos muito propício para aumentar ainda mais os conflitos intergeracionais.
Mas o futuro não interessou tantas pessoas naquela época…
Infelizmente quase ninguém me levou muito a sério e eu me sentia muito só na discussão do tema. Mesmo com as redes sociais tomando cada vez mais força e da facilidade de acesso a grupos de discussão provenientes da era da informação em rede, não me interessei muito por participar por ter a impressão de que nestes (poucos) grupos que sondei o que mais se discutia era a evolução da questão.
Poucos eram os contestadores, os receosos. E o que me encantava era a possibilidade de abrir os olhos destes perfis, os mais céticos. Gostava de buscar compreender onde é que estavam as grandes dificuldades do ser humano em olhar para tudo aquilo com olhos de uma criança (me entendam bem pela analogia pf).
Isto é, naturalmente absorvendo e se esforçando em entender as informações e não as repelindo com tantas certezas sobre a vida, donos (ou seriam aprisionados talvez?) de suas razões.
Por isso, hoje meu artigo de estreia traz esta história.
Porque hoje olho para aquele dia em 2005 e entendo de onde veio todo este meu sentimento em ajudar a chamar a sociedade para discussões sérias – porém não chatas – para debaterem assuntos que estão por aí, surgindo como fenômenos isolados neste mundão e que se parecem não nos afetar hoje, possivelmente nos afetarão muito em breve, mais rapidamente do que a grande maioria possa imaginar.
Direta ou indiretamente. E assim entender que daqui em diante possamos todos juntos criarmos caminhos melhores para tratativas delicadas, controversas, que muitas vezes se esbarram em questões éticas e jurídicas inclusive.
Veja um dos jornais mais importantes do país trazendo estas questões à tona na seção de política, quase 10 anos depois de quando fui impactada pelo tema e enxerguei, como tantos outros, que aquilo não era uma brincadeira.
A proposta é prevenir para evitarmos ao máximo, remediar. Afinal, são muitos corações, seres humanos em jogo. Nossos filhos, pais, irmãos, amigos.
Por relações menos líquidas, por jovens menos alienados e maduros menos depressivos e (auto) incompreendidos, por mais respeito ao próximo e consigo mesmo em primeiro lugar, por mais amor e menos dor: precisamos falar disso: o Futuro do Sexo.
#boracontribuirfs? #somostodosresponsaveis
Cassiana…. gostei demais de teu texto. Ele me encorajou a te escrever. Ja passei por uma experiencia real de Poliamor que foi extremamente gratificante para todos os envolvidos. Essa experiencia aconteceu ha mais tempo do que a experiencia que voce descreveu. Terei prazer em compartilhar conigo nao so minha experiencia como tambem ideias que desenvolvi a respeito do tema dirante esses anos.
Olá Armando, tudo bem? Obrigada pela sua contribuição aqui no post! Que bom que o texto te traz boas lembranças! Caso queira contribuir regularmente com os debates propostos pelo Futuro do Sexo, entre aqui e preencha o formulário por favor e então voltaremos a nos falar em breve. Se a ideia for para uma participação mais esporádica, fique a vontade para nos procurar quando quiser – ou pelo nosso contato ou por meio de nossas redes sociais! E sempre ficaremos felizes de ver seus comentários em tantos outros posts que te interessem em elevar ou agregar as discussões! #boracontribuirfs 😉 Cassiana