Não há um riso que seja igual ao outro. Se alguém me perguntasse qual deles é o mais sublime, eu responderia sem titubear que este é o riso involuntário do gozo.
O riso sem controle que se liberta após o sexo em que a alma também se misturou. Vem com êxtase numa gargalhada desenfreada, em lágrimas atrevidas ou numa curva discreta dos lábios, silenciosos, com os olhos a contemplar todas as formas que as nuvens criam no teto. A inominável sensação de viver e morrer feliz, muito feliz.
Existe vida em sua vida sexual?
Se você não sabe do que estou falando, talvez seja uma boa hora para mirar, sem filtro, a sua vida sexual. Há vida nela? Nossa tribo se acostumou a chamar de gozo qualquer orgasmo. O máximo prazer que o sexo proporciona podemos obter com estímulos contínuos em nossas zonas erógenas, sozinhos, acompanhados, com ou sem brinquedos, no Carnaval ou no Tibet.
O orgasmo, porém, não tem e nem precisa ter qualquer vínculo com a alegria. Sabemos o quanto é possível sentir prazer sexual e não estar alegre, não é mesmo? Não por acaso sugiro uma ressignificação do gozar. Nossas raízes latinas sugerem. A palavra gozo vem de gaudium, alegria. Gozar pode ser a felicidade que permanece depois do orgasmo.
Nesse contexto, será possível gozar sozinho? Desconfio que não. O tal riso involuntário acontece quando há a sinergia entre duas pessoas – ou mais – com seus gostos, cheiros e toda a subjetividade que nos faz humanos. Diferentemente do orgasmo, a alegria plena no ato sexual vem da conexão com alguém tomado pela mesma liberdade e vontade de ser feliz naquele instante.
Não há mágica quando nos referimos ao futuro
Na cama, a felicidade é um estado individual que se conquista na troca – dar e receber – com outra pessoa. Isso não significa dizer que se tivermos parceiros e condições ideais o gozo estará garantido. Não é assim que funciona. A vida real nos presenteia com dias bons e ruins. Mas, imagine se em cada uma de nossas relações tivéssemos como meta, além do orgasmo, o gozo. Será que essa postura nos tornaria capazes de estabelecer parcerias mais interessantes na vida sexual? Será que nos permitiríamos descobrir formas de amar mais coerentes com a própria identidade? Acordaríamos mais dispostos a compartilhar felicidade ao longo do dia?
Não há mágica quando nos referimos ao futuro. O amanhã resulta das equações que fazemos hoje. Uma vida sexual infeliz ou indiferente ao gozo é incapaz de deixar a alegria como legado. Ontem foi assim, hoje é. Amanhã? Faça as contas.
E o sexo não é apenas um detalhe sem importância para o desenvolvimento da humanidade, pelo contrário. Aliás, quanto ao futuro de nossa espécie, não basta realizarmos previsões com base em raciocínios que perdem de vista o que há de mais elementar: como cuidamos de nossas crianças agora. Elas são o futuro e, olhando ao redor, sinto que estão fadadas a passar a vida adulta trepando em Alcatraz, como muitos de nós.
Todos somos educadores
Queiramos ou não, todos somos educadores. A educação sexual não é um tema necessário e urgente apenas porque as crianças precisam descobrir que os bebês não são trazidos pela cegonha ou, mais tarde, saber que os encaixes podem gerar filhos, doenças ou os dois.
A educação sexual precisa transmitir aos mais jovens que, sim, precisamos ser saudáveis, livres, empáticos e, em especial, buscar o gozo em cada relação. Reside aí uma boa chance de conquistarmos mais felicidade para o mundo.
Ops… espera! Onde estamos nós, os educadores e a vida sexual, neste momento? Ah, parece que fomos ali queimar uma bruxa e já voltaremos.
#futurodosexo #somostodosresponsáveis
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Imagem: Visualhunt
Muito legal Edgar… parabens 🙂