A emoção real habita o ambiente virtual?

No último texto criei uma narrativa para demonstrar como seria um cenário futuro em que as pessoas poderiam se relacionar de forma sinestésica utilizando um device chamado FEEL em um ambiente virtual.

Ele basicamente permite emitir, captar e gravar sinais emocionais nas pessoas que estão conectadas a ele. Caso, nesse ambiente virtual, contei a experiência de apenas um casal, embora outros tenham experimentado.

A técnica que utilizei para criar essa narrativa, é mais conhecida como Sci Fi Prototyping, o que ajuda a perceber possíveis implicações e desdobramentos de uma tecnologia dentro do cotidiano das pessoas que se relacionam com ela.

Nesse conteúdo de hoje, vou fazer a mecânica reversa e contar como eu cheguei até esse cenário de ambiente virtual trazendo alguns sinais e drivers.

Três drivers que me ajudaram na construção deste cenário de ambiente virtual

Vou elencar três drivers que me ajudaram na construção deste cenário de ambiente virtual e alguns sinais de mudança que estão se manifestando:

1.O aumento da conectividade junto ao crescimento computacional e a convergência entreas tecnologias

Nosso corpo transmite milhões de dados todos os dias. Hoje, temos tecnologia para captar e processar esses dados, além do que temos vários sensores integrados ao ambiente que criam uma relação ainda mais íntima entre humanos e tecnologias.

2.O ciborguismo

A modificação de sentidos através da tecnologia implica em novas formas de relacionar e sentir das pessoas. Apoiando esse driver temos wearables hápticos e implantáveis que criam outros sentidos e formas de sentir entre os usuários. Somado a isso temos interfaces neurais não invasivas que têm o potencial de criar um outro nível de comunicação e interação entre as pessoas, a partir do reconhecimento e estímulo das ondas neurais, permitindo elas vivenciarem experiências mais viscerais. Interfaces cerebrais mais orgânicas como essa liderada pela cientista Poliana Anikeeva no MIT que busca através de estruturas que mimetizam o tecido nervoso conectar a mente a um computador.

3.O minimalismo das interfaces

Onde existem alguns sinais que apontam para tecnologias integradas ao nosso corpo, mas sem necessariamente serem invasivas. Posso citar tatuagens sensoriais que monitoram a atividade elétrica do músculo e a temperatura do corpo, além de outras como as tattoos da Duoskin que realizam funções mais de controle de devices e armazenamento de informações. Gosto muito da visão da Jody Medich da Singularity University sobre interfaces mínimas e da ideia de computação perceptiva.

Aspectos comportamentais e emocionais dos personagens

Além dessa visão mais tecnológica do contexto desse cenário, abordei aspectos comportamentais e emocionais dos personagens.

Busquei criar conflitos dentro da narrativa que evidenciam paradigmas nas relações, como a relação com o ciúme que passa a ser mais intensa, pois o FEEL permite um outro nível de conexão, mais visceral entre o casal, no entanto pode chegar a ser viciante dependendo do uso. Procurei trazer uma visão otimista de como o casal aprende a interpretar melhor os sinais emocionais e se desconectar do FEEL, criando mais maturidade na relação.

O cultivo de sensações tem muito haver com o hábito das pessoas de armazenar fotos e videos e depois compartilhar na rede. Este cenário trouxe uma perspectiva mais íntima em que os casais possuem o seu próprio “álbum de sensações”, o que permite reproduzir as induções nos momentos de prazer por exemplo, no entanto existe um dilema, como conviver com uma tecnologia que proporciona uma relação visceral tanto nos momentos de prazer como momentos de medo e ansiedade?

Em pouco tempo nos tornamos habitantes de uma imensa “vila global” que permite novas formas de conversa e interação. Ou seja, um dos principais objetivos dessa narrativa foi trazer a luz a questão- como se relacionar em ambientes virtuais?  – Dessa forma, busquei extrapolar com um artefato futuro que leva qualquer conexão ao nível máximo do sentir, uma nova forma de comunicação através de sensações emocionais.

Apesar de parecer distante o acesso massiva a esse tipo de device, é importante lembrar que há 20 anos atrás não existia nenhuma das principais tecnologias que são parte da nossa rotina hoje.

Se é desejável ou não, é uma decisão pessoal de cada pessoa. O mais importante desse cenário é criar um ambiente  virtual seguro para dialogar sobre possíveis implicações e desdobramentos desse tipo de tecnologia na sociedade.

#boracontribuirfs

Gostou do conteúdo de hoje sobre como a emoção real habita o ambiente virtual? Conte para a gente nos comentários e aproveite para acompanhar o nosso blog diariamente!

Imagem: CDN Imagens

A emoção real habita o ambiente virtual?

| Comportamento | 0 Comentários
Sobre o Autor
- Explorador de Futuros