Cérebro, vivência e futuro do sexo: como você tem encarado o prazer?

O cérebro entende.. O prazer, nossa alma entende DE prazer. Como já vimos neste texto, o prazer está no cérebro. A ativação de vias nervosas por estímulos dos nossos sentidos (tato, olfato, paladar, visão, audição) leva a informação ao cérebro, onde ela é processada e então o prazer (sexual ou outro) é experimentado.

Se para algumas pessoas é mais fácil ficar sem sexo do que sem chocolate ou mesmo substituir sexo por chocolate… Por que será que buscamos o sexo para o prazer?

Os trajetos dos impulsos nervosos cerebrais relacionados tanto a sentir prazer quanto a decisão de agir ou não para obtê-lo passam pelo “Sistema de Recompensa”, e a principal substância envolvida nesse sistema é o neurotransmissor dopamina.

Uma experiência que nos deixa bem e recompensados fica quimicamente gravada, e esse sistema é o responsável por quando achamos algo legal e queremos repetir a dose.

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Quando temos uma sugestão – por exemplo, quando vemos aquele chocolate maravilhoso – o cérebro já o associa com o prazer que ele proporciona… E pode deflagrar a nossa urgência para satisfação. Esse mecanismo funciona em várias situações  – como com sexo, comida, drogas – que possam gerar uma urgência/fissura e necessidade de satisfação do impulso.

Em experimentos com ratos, parece ser possível manipular a ativação dessa via, por exemplo, bloqueando a fissura.

Apesar da semelhança na sinalização nervosa… Prazer é tudo igual? Seriam sexo e chocolate intercambiáveis?

Prazer e outros ingredientes

Para algumas pessoas, é mais fácil ficar sem sexo do que sem chocolate. Você já parou um instante para comparar os ingredientes?

Açúcar, gorduras, cacau, leite – no chocolate. Prazer, gravidez, corpo, relacionamento, amor, sentimentos, tabu – no sexo. Qual “tabela nutricional” te fez mexer mais aí na cadeira?

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A revolução sexual das décadas de 1960 e 1970, a pílula anticoncepcional, a abertura para se falar de sexo, as terapias psicológicas: tudo isso trouxe (e não muito tempo atrás) instrumentos e maneiras “novas” de ver a questão sexual e de posicionamento nas relações familiares e amorosas (ou não). Os avanços médico-tecnológicos também trouxeram novas perspectivas, ao deslocar a reprodução do quarto para o laboratório (fertilização in vitro, armazenamento de gametas e embriões).

O sexo se tornou imprescindível em primeiro lugar por ser a tecnologia que a vida usa para permanecer no planeta. Na reprodução humana, o sexo continua presente na figura do óvulo e do espermatozoide.

De presente, o sexo pode trazer também prazer. Cada um com seu pano de fundo, ficamos equilibrando pratos na tarefa de lidar todas as variáveis que o sexo nos traz: o prazer ligado ao ato, a reprodução, o lidar com o outro, a discussão sobre papéis de gênero e sobre gêneros, dentre outras.

 

Mesmo que aparentemente frentes dissociadas pareçam existir, todas se complementam e se modulam e são contribuidoras diretas do prazer em estarmos vivos. Nesse sentido, sexo não só traz prazer, como o abarca, permeia e é parte importante da nossa pulsão de vida.

A sexualidade – com toda sua grandeza – faz parte de como nos vemos e da maneira com que interagimos com o mundo. Talvez o chocolate, com seu prazer diferente, possa, ao invés de substituir, complementar o sexo na alegria de viver.

Assim, gerar uma vida e ter prazer podem ser vistos sob prismas diferentes: todos fazendo parte de algo maior: o sexo.

#futurodosexo #somostodosresponsáveis

E você? Como você tem buscado e experimentado essa sensação na sua vida?  Na busca do viver com prazer, com mais alegria: o sexo está na sua vida como algo bom? Ou a energia sexual está na contra-mão? Veja esta reflexão  da Luciana Fernandes.

Será que no futuro poderemos manipular o funcionamento cerebral no circuito do prazer? Quanto isso poderia impactar nossas vontades e nossa identidade?

Imagens:

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  • Chocolate Class
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Cérebro, vivência e futuro do sexo: como você tem encarado o prazer?

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Sobre o Autor
- Médica Ginecologista e Obstetra formada pela USP, com pós-graduação em Sexualidade Humana e Nutrologia. Consteladora Sistêmica.