2018: chegamos ao futuro, 20 anos depois.
Para o dia do orgasmo, tinha pensado em falar de orgasmo feminino.
Mas depois reconsiderei.
Será que esse foco seria um pouco ultrapassado, porque já estamos em 2018, e a mulher é emancipada, e já estamos muito avançados em tecnologia, e estamos discutindo o futuro do sexo com robôs, e tem uns gadgets que simulam o toque da parceria que está à distância como se a pessoa estivesse ali juntinho, e tem um pessoal se casando consigo mesmo, e tem um outro pessoal vivendo poliamor…
Então, será que por tudo isso, abordar o orgasmo em geral – ou pular essa abordagem e considerar que ele está presente e mais do que compreendido – é muito mais Futuro do Sexo, porque, no dia mundial do orgasmo de 2018, todo mundo já olhou pra si mesmo, conhece seu corpo e sua mente e agora o céu é o limite nas relações humanas ou humano-máquina?
Pausa pra tomar um ar.
Parece que, em 2018, como estamos na era da informação, é só perguntar pro Google que ele traz todas as respostas (mesmo que venha a vida e mude todas as perguntas, não é mesmo?). E as pessoas falam livremente (talvez mais via SMS ou Whatsapp) sobre os mais diversos temas. Em 2018? Muito menos tabus, os tabus de antes.
Será?
1998 – Faz 20 anos!
Eis que, no último fim de semana, um amiga (super antenada) se chocou com uma informação que ela viu em um vídeo da Jout Jout: o clitóris vem sendo estudado (de verdade) desde… 1998.
Dra. Helen O´Connell, Professora de Urologia, reparou que, salvo um ou outro livro antigo pontualmente, a literatura médica não retratava a anatomia real do clitóris. Então, ela retomou algo que, em 1844, o anatomista alemão Kobelt já havia começado a desvendar:
O clitóris é algo muito além do que se imaginava.
Veja as figuras a seguir: embora as representações gráficas do clitóris normalmente mostrem somente a área circulada em verde dos desenhos (a porção externa), ele é um órgão muito maior!
A única parte que podemos ver externamente é a glande (circulada em verde). As demais partes do órgão, que compõem a maior porção dele, são feitas de tecido erétil.
Apesar de compartilharem essa característica de ter ereção com o pênis masculino (sim, isso mesmo que você estava pensando), não podemos visualizar isso acontecendo porque as estruturas estão internas na pelve. E o clitóris é um órgão densamente inervado, responsável por captar grande parte dos estímulos recebidos.

Clitóris – corpo, glande, corpo cavernoso, bulbo do vestíbulo, uretra, vagina.

Pelve feminina

Um modelo de clitóris em impressão 3D. Apontada com a seta, a porção externa.
Saber essa anatomia vai melhorar o prazer da mulher?
Será que dá pra responder a isso? Como já falamos aqui neste texto, o orgasmo está no cérebro. Nesse sentido, o clitóris é um dos canais de entrada das sensações erógenas que serão captadas pelas vias nervosas. Esse sinal será então transmitido ao cérebro, para as diversas áreas que irão interpretar, processar, juntar essa informação com vivências prévias, com sinais nervosos de outras áreas do corpo, etc, etc, etc…
E então deflagrar a sensação de orgasmo.
E a definição de prazer com satisfação, para as mulheres, pode englobar ou não o orgasmo. Como vimos aqui, mesmo que o orgasmo não ocorra, algumas vias nervosas serão ativadas pelo sexo na medida em que ele sinaliza ao cérebro uma experiência agradável, gerando recompensa e sensação de bem estar.
O cérebro parece ser a resposta para nossa pergunta. Você já viu um experimento que mostra uma pessoa sentindo dor em uma mão de borracha? Veja neste vídeo:
Tudo indica que a maneira como percebemos o espaço do nosso corpo (e até o que não é dele, como uma mão de borracha) e a maneira como ensinamos nosso cérebro a sentir cada área também influenciam o nosso mapa corporal no cérebro. A percepção não se dá necessariamente só pelo fato daquela parte do corpo existir.
Assim, aliar a percepção racional e anatômica da existência do clitóris às percepções subjetivas, emocionais e ao entendimento do que tudo isso engloba e significa pode trazer o orgasmo feminino a um outro patamar. O orgasmo pode ser uma experiência e tanto, às vezes igual a tantos outros, às vezes diferente de todos os prévios. Depende do que o encontro de tantas informações que se interligam trará naquele momento.
No dia do orgasmo e no aniversário de 20 anos da descoberta do clitóris, você já parou para pensar como vai ser o futuro do sexo daqui pra frente? Temos falado suficientemente sobre o orgasmo? Qual imagem homens e mulheres fazem do clitóris e do orgasmo feminino?
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