Fidelidade é utopia? Parte II

Nossos colunistas Victor Naine e Larissa Melo iniciaram o debate e agora eu sigo com o tema: “Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos” – arrasaram dupla!

Me lembro de ter lido um artigo em uma revista masculina há alguns anos atrás dizendo que relacionamentos estáveis – neste caso morando junto, porém sem o casal ter iniciado o processo desta união por meio de um documento formal – tendem a ser de fato mais estáveis e duradouros do que a “instituição” casamento em si, com juras de amor perante o juiz e, muitas, vezes inclusive perante algumas divindades.

A família brasileira, dados do IBGE e fidelidade: novos valores, novas necessidades

Na Revista Veja desta semana (ed. 2557), a publicação apresentou dados mais recentes do IBGE a respeito da família brasileira. Entre eles, que em 2016 – ano de análise – nasceram menos bebês que nos anos anteriores. Uma queda recorde e considerável de 5,1%. O número de casamentos diminuiu e a quantidade de divórcios, aumentou em 4,7%, sendo que a maior incidência é percebida entre casais com filhos menores de idade (47,5%).

Especialmente após o nascimento de meu filho, busco observar a cada dia mais como as pessoas lidam com a chegada de filhos em um relacionamento considerado “estável” – digo, com ou sem documentos que comprovem “a tal” estabilidade.

A minha (humilde) leitura a respeito do que acontece com mais frequência por aí tem uma relação muito forte com uma questão muito bem resolvida para mim – obrigada meu amado papai! – com o entendimento de que toda frustração é proporcional à expectativa.

Por conta da sabedoria de meu pai, que buscou nos transmitir este valor desde muito cedo, busquei alinhar uma série de coisas que pareciam ser um tanto “tensas” com meu marido desde o nosso planejamento familiar. Sem dúvida este processo fez e faz toda a diferença para a nossa harmonia ao longo destes três últimos anos – desde que o Kauai nasceu.

Ainda em minha tentativa de compreender o porquê isso parece ser tão difícil de, na prática, ser alcançado entre a maioria dos casais, percebo que de uma forma geral, ainda em 2017, há muita romantização e idealização por trás destes nossos “desejos” de formarmos uma linda família e preferencialmente morrermos velhinhos um do lado do outro.

Desejos estes que, muitas vezes, foram plantados em nossas mentes desde crianças. Já parou para refletir que ninguém que semeava tais “idealizações” naquele momento em nossas vidas nos ensinou a pensar e refletir a respeito do que de fato ter sucesso na vida e atingir a tão sonhada felicidade plena pudesse significar para a gente – digo, individualmente para cada ser humano – em vez de terem plantado uma ideia fixa e coletiva destes desejos?

Por que ainda temos tanto receio de tratar abertamente sobre assuntos como fidelidade e sexo?

Aí, por consequência, eu me pergunto a respeito dessa tal ideia de fidelidade, que analogicamente conversa diretamente com o que acabei de expor acima:

Por que nossas mães, tias queridas, avós… – com raríssimas exceções – não nos contam a realidade como ela é, a não ser apenas depois de muit@s de nós já estarmos extremamente machucadas e fragilizadas? Sim, aqui me refiro ao grupo de mulheres sim, que infelizmente é o grupo em que percebemos que a aceitação e superação de uma traição é muito maior do que no grupo dos homens.

Por falar em homens, em que momento as mães destes homens os prepararam devidamente para lidar bem com a (in) fidelidade também? Não que os pais não tenham uma co-responsabilidade aqui, mas nesta parte II do “Fidelidade é utopia?”, explorarei a vertente um pouco mais pelo lado da criação materna. No próximo post me apronfundarei na criação herdada pelos pais, homens.

Por mais duro que seja: precisamos falar disso

Mesmo que você nunca tenha passado (ou ao menos acredita que não) por uma situação dessa, na qual se sentiu traíd@ do ponto de vista afetivo, isso é um assunto urgente, neglicenciado, velado. E o pior, ao mesmo tempo, uma das principais razões de separações mundo afora.

O futuro das relações e muita coisa que está por vir, depende seriamente deste tipo de debate. Não precisamos chegar a “certo X errado”. Precisamos apenas nos entender com a questão. Abertamente. Encarando a realidade como ela é.

O futuro é responsável  – já diria o psicanalista Jorge Forbes – e jamais houve outra época na humanidade onde esta questão ficasse tão evidente. Aqueles que não entenderem isso daqui em diante, sofrerão a cada dia mais, com cada vez mais frequência.

E aí, qual caminho você prefere tomar? O caminho da vida como ela é – devidamente conscientes de suas belezas e fardos – ou o caminho de ilusões, como ingenuinamente (e prefiro acreditar que involuntariamente também, isto é, por “forças maiores”) nos foi dito sobre fidelidade quando crianças e adolescentes?

E se há tantos, mas tantos adultos que já vivenciaram crises existenciais e/ou estão em crise ou ainda entrarão? Mais cedo ou mais tarde na vida, no mínimo uma crise desse porte (quase) todo mundo passa, independente de como lidamos e tratamos a questão, não é mesmo? O que você pode fazer hoje pelos novos adolescentes e adultos de amanhã?

#futurodosexo #boracontribuirfs

Este assunto  sobre a utopia da fidelidade continua… Afinal, ele é complexo por natureza. Assim como a própria natureza humana. Curta a nossa página nas redes sociais!

Imagem: Pixabay

Fidelidade é utopia? Parte II

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