No texto anterior desta série, vimos como o sexo surgiu e persistiu até hoje: como estratégia de sobrevivência e perpetuação das espécies.
Com a evolução da medicina e da tecnologia: será que continuamos ligados ao sexo, para a reprodução e para o prazer?
Necessidade do sexo para ter ou não ter filhos
Diferente de antigamente, hoje, o não ter filhos pode ser bem controlado. Isso se dá graças às possibilidades de vários métodos contraceptivos ( hormonais, preservativos, DIU, laqueadura , vasectomia).
E o ter filhos também tem seu leque de opções: a busca pelo período fértil e coito programado, inseminação artificial, fertilização in vitro, injeção intracitoplasmática de espermatozoides, técnicas de preservação de fertilidade. Gerar descendentes com tecnologia e doação de gametas permite a pais e mães terem filhos independentemente de um(a) parceiro(a) presente ou do sexo oposto.
Com a possibilidade de descolamento entre o ter filhos e o status de relacionamentos…Será que ainda é preciso ter um óvulo e um espermatozoide para gerar uma vida? Estamos biologicamente presos ao sexo?
Reprodução em laboratório
Clonagem
Dentre os humanos, os únicos clones naturalmente existentes são os irmãos gêmeos univitelinos (monozigóticos), formados a partir de um único óvulo fecundado por um espermatozoide. Assim, ao invés de se formar uma única pessoa, ocorre uma divisão nas fases iniciais de formação embrionária para a formação de duas, geneticamente idênticas.

Gêmeos Idênticos
Não é novidade que o processo de clonagem pode ser reproduzido em laboratório. Basicamente, a clonagem produz um novo ser “copiado” de outro.
No caso icônico da ovelha Dolly, ela produziu um descendente idêntico a ela sem necessidade de material genético de um parceiro. Desde esse evento, há mais de 20 anos, diversas espécies de animais já foram clonados, de maneira aperfeiçoada, mas ainda com taxas de sucesso baixas.

Como foi clonada a ovelha Dolly
A clonagem em humanos esbarra em questões éticas, jurídicas, espirituais, não vou meter a mão nessa cumbuca agora… Mas você já parou para se perguntar por que é tão difícil clonar esses animais? A resposta parece estar no imprinting.
Imprinting: sexo necessário e imprescindível
O imprinting é um importante mecanismo que liga os mamíferos ao sexo: ele não permite a formação de clones, e exige a junção dos gametas (óvulo e espermatozoide).
Funciona da seguinte maneira: quando o óvulo e o espermatozóide dos pais são formados, alguns genes recebem um “carimbo” no óvulo e outros genes recebem um “carimbo” no espermatozóide.
Como 50% do material genético vem da mãe e 50% vem do pai, o descendente possui duas cópias de cada gene (1 do pai e 1 da mãe). No caso dos genes que receberam o “carimbo “ (imprinting), somente uma cópia será funcionante, a outra estará inativada.

Imprinting genômico
traduções: Gametas do pai e da mãe
gene A não sofreu imprinting – ligado/ligado
gene B sofreu imprinting – desligado/ligado
Assim, com genes ativos e inativos correspondentes entre pai e mãe, é necessário haver material genético de ambas as partes, cada uma respeitando e complementando a expressão ou inativação gênica da outra. O imprinting é complexo e ainda sofre influências ambientais, podendo mudar sob ação de hormônios, toxinas e dieta.
Com tudo isso, o sexo permanece imprescindível: em duas pessoas que se unem para gerar uma nova vida. Mesmo no laboratório. Continuamos precisando de óvulo e espermatozoide.

Formando um baby
Traduções: núcleos contendo DNA, óvulo, espermatozoide,óvulo fertilizado com DNA dos pais,
células do embrião com cópias do DNA herdado,
criança com traços herdados dos pais.
#futurodosexo #somostodosresponsáveis
Você já pensou como será se, com o avanço da tecnologia, a vida puder ser gerada de novas maneiras? Qual o impacto disso nas nossas escolhas e nos nossos relacionamentos?
No próximo post desta série: O corpo e os hormônios podem esperar? A tecnologia do futuro vai suprir o stand-by reprodutivo que vem se fortalecendo desde a década de 60 do século passado? O futuro do sexo pode ser intemporal.
Imagens:
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