Ter dois filhos homens e adolescentes me faz descobrir constantemente “mundos novos” literalmente. Nas conversas que temos ou mesmo nos textos que eles me trazem, sempre nos espantamos com o grau de “retrocidade” que vem acontecendo em vários assuntos.
Recentemente eles me apresentaram um grupo de pessoas que “descobriram” e defendem que o planeta terra é plano – os chamados de “terraplanistas”. Discutem isso como se fosse a descoberta do século… E aí vem a pergunta que não quer calar: será que pode piorar? Sempre pode ☹.
Sendo assim, quando poderia imaginar que dentro de um mundo tão globalizado, saturado de informações e liberdades entre vários aspectos, encontraria um estudo revelando que jovens de 16 a 18 anos não gostam ou praticam sexo oral por pura falta de informação?
Não quero levantar nenhuma bandeira a favor ou contra, pois as opções são de cada indivíduo. Mas o ato de fazer ou não revela muito mais, como o fato de pensar no outro, ou nunca!
Essa contraditória combinação foi revelada no estudo realizado no final de 2016, na Inglaterra pela Universidade do Pacífico e entrevistou 71 homens e mulheres de 16 a 18 anos que se relacionam com pessoas do sexo oposto para saber como eles conversam sobre sexualidade e como encaram o sexo oral.
E apesar de acreditarmos que estamos evoluindo de forma irreversível no tema, alguns ainda são tabus entre eles. A pesquisa mostra que, quando o assunto é sexo oral, a disparidade entre homens e mulheres persiste.
E entre quatro paredes a teoria se comprova.
A maioria dos entrevistados descreve o sexo oral em mulheres com mais ressalvas que quando praticado em um homem. O tabu é unânime entre ambos os sexos – homens e mulheres consideram que fazer sexo oral é mais desagradável para eles.
E a desproporção não para por aí. A maioria respondeu que é mais provável que os homens recebam sexo oral durante uma transa do que as mulheres.
E o que mais me chama a atenção é a forma como as meninas ainda se submetem a ações que só agradam o parceiro. O estudo também revelou que eles dizem mais não, enquanto as mulheres tendem a encontrar formas mais confortáveis e palatáveis de agradar, já os homens apenas se negam a fazê-lo.
Entendo aqui infelizmente, que por essa amostra, o passado estará mais presente em nosso futuro.
Linguagem sexual demonstra o respeito ou a falta dele
Quando se avalia a linguagem sexual, os meninos se mostraram mais grosseiros que as meninas. Segundo o estudo em várias conversas, os homens se referiram aos órgãos genitais femininos de maneira negativa e depreciativa.
Cientes desse tipo de comportamento, muitas meninas foram imprecisas e genéricas ao descrever suas experiências e preferências sexuais. Por isso se faz tão importante termos séries como a citada no meu artigo anterior, para reeducarmos essa geração que parece desaprender sobre seu próprio corpo.
As pesquisadoras responsáveis pelo estudo contam que ficaram impressionadas com as respostas preconceituosas e defendem que a educação sexual não deve se ater somente à prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis.
Precisamos incentivar os jovens a pensar criticamente sobre como os corpos femininos e masculinos conversam em sociedade. As nuances do consentimento e coerção e como a equidade de gênero pode ser negociada na prática.
Eu acredito que esses dados podem ser um retrato de uma geração retrógrada que está saturada de tantas informações e que acabam criando seus próprios ritos e conceitos.
A mente humana assusta tanto por sua grandiosidade quanto por sua perversidade, por isso precisamos ficar atentos em nossas casas, e sabermos que tipo de adolescentes estamos criando, se temos uma geração egoísta, preconceituosa e que gera seus próprios conceitos por preguiça de filtrar informações ou uma geração consciente e que preza pelo próximo, no lado humano de um relacionamento, seja ele sexual ou não…
Temo que num futuro próximo, se não nos preocuparmos com esses “sintomas”, estaremos queimando bruxas e acreditando que além da terra ser plana. Que sexo seja coisa do demônio!
A conversa e a educação sobre sexo é um assunto que te interessa? Então te convidamos a participar de nossa Roda de diálogo com pais: como crianças estão aprendendo sobre sexo? Confira todos os detalhes sobre o evento clicando aqui!