Primeiramente, devemos esclarecer:
O que é a Antroposofia?
Gramaticalmente oriunda das palavras antropo e sofia, a sabedoria do homem, essa é uma ciência espiritual, pois abarca a realidade espiritual do ser humano.
Ela foi fundada por Rudolf Steiner, um filósofo do séc XIX, que procurou compreender os fenômenos que estão por trás das experiências espirituais. Muito distante do que a maioria das pessoas do meio de estudos espirituais realizavam como caminho na época, Steiner buscou o âmbito acadêmico, trazendo-nos um outro olhar sobre os fenômenos da espiritualidade.
A antroposofia estuda a vida e parte do princípio que todos nós somos seres em desenvolvimento e que devemos trilhar a vida com base no desenvolvimento da nossa consciência.
Steiner fala pouco sobre a sexualidade em si, haja visto que no século XIX tal temática era muito mais tabu do que é hoje. Apesar de não ter falado explicitamente sobre o tema, podemos utilizar os conceitos da antroposofia, que estão pautados no desenvolvimento da consciência do ser humano, sob a temática da sexualidade.
E como conectamos o olhar antroposófico à sexualidade?
A antroposofia estuda a vida e a vida humana surge através do ato sexual.
Dessa forma, a sexualidade está totalmente conectada à vida. E não só podemos, como devemos tentar compreender a sexualidade sob a ótica de nossa maior capacidade de compreensão humana. Esse é o papel de todos aqueles que querem agir com consciência em todos os âmbitos da vida.
A sexualidade é uma força presente na natureza e faz parte de nossos instintos, mas também é uma força espiritual criadora da vida e dos prazeres humanos. A sexualidade é um mistério difícil de ser compreendido, inclusive para a consciência do século XXI.
A antroposofia hoje, apesar de ser uma ciência espiritual, está viva nas práticas de atuação humana, como a medicina antroposófica, agricultura biodinâmica e pedagogia waldorf, entre outras.
Ou seja, os conceitos da antroposofia estão em práticas humanas, e dessa forma a realidade espiritual do ser humano é levada em conta e esse fundamento permeia nossas ações e aquilo que fazemos.
Considerando que o ato sexual é um ato prático presente em nossas vidas, podemos sim utilizar do olhar antroposófico sobre ele, de forma a incorporar a caminhada e evolução da consciência à sexualidade em si.
Vivemos hoje a sexualidade à base dos instintos. Nesse âmbito, muitas vezes somos guiados cegamente por nossa natureza instintiva. Goethe expressa bem nosso envolvimento com a natureza nas seguintes palavras:
“Estamos rodeados e envoltos pela natureza. Sem convidá-la e sem sermos prevenidos, a natureza nos envolve e nos leva para a roda da sua dança”.
Sem sombra de dúvidas, nossa sexualidade faz parte dessa dança. Dançamos com a força da sexualidade.
Mas como seria realizar essa dança com nossa maior capacidade de consciência?
Precisamos ir além dos instintos. Precisamos encontrar a forma, com base em nossas próprias ideias, em nossos próprios sentimentos e desejos, de unirmos a força instintiva à força espiritual presente no sexo.
O ser humano livre que caminha nessa esfera, vive sua sexualidade distante da libertinagem despoetizada e do moralismo culposo, e faz da sua maior capacidade moral o critério de sua conduta sexual. Nessa nova liberdade, faz escolhas mais saudáveis e nem por isso menos prazerosas.
É possível, definitivamente, viver a nossa sexualidade de uma forma livre e prazerosa, mas não se esquecendo da beleza, do afeto e do amor, que são tão presentes na natureza.
Assim, podemos começar a iluminar um pouco o mistério da natureza que é o sexo, com os saberes da antroposofia nos tornando responsáveis pelos nossos atos, de forma que estes não se distanciem do que é bom, do que é belo e do que é verdadeiro.
Em minha linha de pesquisa, convido as pessoas a olharem a força da sexualidade com a consciência e liberdade, honrando os instintos mas também a beleza, a conexão e o afeto. Esse é o futuro do sexo que eu imagino. Com muito mais amor, muito mais prazer na alma e no corpo.
E você, qual é o futuro do sexo que quer construir? #futurodosexo #somostodosresponsaveis
