A tecnologia e a psicologia no futuro das relações – Parte 2

A evolução da tecnologia pode representar, em partes, uma evolução do desenvolvimento humano, assim, ampliando suas possibilidades de vida, atuação, com mais inteligência, cura e criações. Mas também pode representar um retrocesso, se forem diminuídos a afetividade, a empatia, a autenticidade, a energia sexual/vital, entre tantos outros aspectos das relações. 

Não seria então fundamental que os especialistas falem mais sobre o impacto da tecnologia nas relações? E para que quem será impactado possa compreender e atuar mais também?

Acredito que dentro de toda a pesquisa de mapeamento neuronal/humano, seja enfatizada questões sobre responsabilidade, formação, ética, educação e tratamentos com cuidado! Essas perguntas permeiam minhas reflexões, pois verifico que a pauta entre esses gênios cresce em torno do interesse em adiar a morte e não do cuidar do estilo de vida.

Se existe essa escolha, qual seria sua prioridade? Planejar a longevidade ou reaprender a viver o mindfulness (atenção plena no agora), sua essência conectada, de forma saudável?!

Ideias “criativas” e explosões de ousadia são levadas aos centros de pesquisa, mas toda a população envolvida, que somos nós e nossas futuras gerações, estão longe de acompanhar estes avanços  e possíveis impactos.

Sociedade em adoecimento diante das transformações da tecnologia

Estatisticamente já o aumento do diagnóstico de TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) e  a medicalização infantil são preocupantes, assim como o Transtorno Depressivo é a nova epidemia. Essa realidade nos obriga a questionar porque ainda que com tantos novos recursos: a sociedade adoece, principalmente, no que permeia a psique humana e consequentemente as relações.

Mas o intrigante é que, como uma polaridade quase oposta ao mundo virtual, cresce também o número de pessoas que a negam em nome da busca da felicidade e do sentido da vida. Estamos em meio a grandes transformações inclusive tecnológicas e, portanto, grandes questionamentos.

Como explorei no artigo anterior, para mapear virtualmente a vida consciente, teríamos que reduzir a consciência humana ao cérebro, estritamente biológico. Num tempo em que a física quântica já comprova que há consciência após a morte, que psicólogos e neurocientistas concordam que a mente/psique é além do cérebro, e que a medicina integrativa se faz necessária no cotidiano hospitalar… Seria viável escolher um único lado da ciência?

O prazer e a satisfação x o conceito de afeto e relação amorosa

Fato é que, com toda essa ansiedade por controlar e mapear as funções cerebrais, a real é que a psique humana ainda confunde-se. A sua realidade pessoal varia de acordo com sua leitura e suas vivências particulares. O prazer e a satisfação confundem-se com o conceito de afeto e relação amorosa, o controle confunde-se com poder, a longevidade confunde-se com saúde, a alta-performance se confunde com felicidade, e assim por diante. Essa separação seria então a raiz do adoecimento, como um afastamento do indivíduo entre sua essência e seus papéis, afastando-se das relações afetivas-sexuais saudáveis?

Enfim, a psique humana continua seus enlaces, por meio de novos contextos, e o futuro das relações precisa de mais atenção do que nunca!

A psicologia se transforma

A psicologia se transforma e já foi apontada por estudiosos futuristas, inclusive no TEDX SP de 2017, como uma das mais importantes profissões do futuro. Integrada à visão mais ampla e biodinâmica dos seres humanos. Há uma tendência inclusive de diversos profissionais unirem-se para uma completa gestão de qualidade de vida, uma das 10 profissões de destaque para daqui a 10 anos.

Portanto, se ainda somos realidade psíquica e esses seres complexos (carentes de maternagem, afeto, cuidado e autenticidade), acredito que devemos tomar consciência de como podemos acompanhar com auto-responsabilidade de forma mais saudável todas essas mudanças.

 

tecnologia 2

Sou “daquelxs” que acreditam que precisamos viver agora COM tecnologia e COnscientes da própria realidade (inclusive psíquica), do seu entorno e do que CRIAMOS para o futuro!!!

Claro que com todo esse papo sobre psicologia e tecnologia, descobri projeções no mínimo curiosas para essa profissão! Será que em um futuro não tão distante haverá a possibilidade de contratar um psicólogx robô? Você recorreria a esta possibilidade? E ainda… Conforme buscam aumentar suas inteligências cognitivas e alguns até alegam que talvez um dia eles – os robôs – serão sim capazes de nos amar (Oi?), por que não psicólogxs para robôs?

#futurodosexo #somostodosresponsáveis

Não deixe de ler também a parte 1 da série “A tecnologia e psicologia no  futuro das relações”. Bora explorar essas curiosas e instigantes possibilidades no próximo artigo?!

Imagens: VisualHunt

A tecnologia e a psicologia no futuro das relações – Parte 2

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Sobre o Autor
- Psicóloga Clínica Biodinâmica e palestrante, empreendedora e interessada em inovação social.