Futuro dos relacionamentos, transparência e vigilância

Vivemos em 2018 e a quantidade de empresas que possuem os nossos dados só cresce. Não estou falando apenas de endereço, CPF e número de cartão de crédito, mas de hábitos, lugares que visitamos, pessoas com quem conversamos e até as nudes que trocamos.

Todos estes dados correm por redes do Google, Facebook, Amazon e outras gigantes. Se tudo que fazemos pode gerar um registro, um rastro, como lidaremos com aquilo que queremos manter em segredo? E como fica o futuro dos relacionamentos nesse contexto?

Uma pesquisa feita pela Kaspersky em janeiro deste ano, com 18 mil pessoas de 18 países (o Brasil está incluso), aponta que para 70% dos entrevistados um relacionamento é mais importante do que privacidade. 72% dizem que não têm nada a esconder do parceiro/parceira, mas 61% admitem que não querem que o parceiro/parceira saibam de algumas coisas que faz, incluindo atividades online e o conteúdo das mensagens que manda para outras pessoas. 38% acredita que a atividade do parceiro/parceira deve ser mantida às claras dentro do relacionamento e 31% admite que invade a privacidade do outro e dá aquela espiadinha no celular ou nas atividades online.

Privacidade violada

Estamos falando, portanto, que a tecnologia hoje permite que a privacidade de uma das partes do casal seja violada pela outra influenciando diretamente o futuro dos relacionamentos. E deste cenário surgem situações que não existiriam num mundo não mediado pela tecnologia. É muito Black Mirror, não é?

Falando em Black Mirror, o episódio ‘Hang The DJ’ traz uma boa reflexão. Vemos um sistema inteligente que seleciona pessoas para um match, não só vigiando a vida do casal, mas estabelecendo quanto tempo cada pessoa passará uma com a outra num looping infinito até que encontrem suas almas gêmeas. Zero livre-arbítrio, zero possibilidade de sair da fórmula monogâmica e romântica estabelecida.

Como será o futuro dos relacionamentos?

A pesquisa lá do início mostra um pouco do cenário atual, mas pensando num futuro um pouco mais distante, como vamos nos relacionar com a privacidade nos relacionamentos? Se todos os nossos dados estarão na mão de empresas, na nuvem, como vamos lidar com o que mantemos em segredo? Como vamos lidar, por exemplo, com a traição? Afinal, é bem possível que viveremos num mundo com câmeras por todos os lados para controlar as pessoas e suas ações. Alô, Minority Report! Como você trai o seu parceiro/parceira quando tudo é tão exposto e segredos não serão tão secretos assim?

Diminuição da privacidade pode abrir caminho para um cenário!

Apesar da visão apocalíptica que, muitas vezes, damos ao futuro, pode existir uma luz brilhante no horizonte. É possível que a diminuição da privacidade abra caminho para um cenário em que as pessoas estejam mais dispostas a novas configurações de relacionamentos, mais abertos e liberais não somente em relação ao sexo, mas ao que o outro faz fora do eixo casal. Parece uma ideia maluca para o futuro dos relacionamentos? Vem que eu explico.

Relacionamentos abertos possuem em sua base a premissa de que o outro é um ser humano único e com necessidades que não serão totalmente satisfeitas dentro de um relacionamento tradicional/monogâmico. Afinal, se somos todos diferentes porque os relacionamentos precisam ser iguais? O ficar com outras pessoas não significa falta de amor ou falta de interesse no parceiro, mas um desejo de estar aberto a novas experiências e compartilhar isso com alguém que você ama.

Outro pilar de diferentes configurações de relacionamento é a transparência, quando a traição (fazer algo escondido do parceiro) já não faz sentido porque tudo que os dois (ou mais pessoas dentro de um relacionamento) fazem é com consentimento do outro.

#futurodosexo #somostodosresponsáveis

Se no futuro a tecnologia nos forçar a não conseguir esconder coisas uns dos outros, estaremos mais dispostos a novas configurações de relacionamentos? Ou essa transparência toda fará com que a gente perca o encanto uns pelos outros? Como fica o futuro dos relacionamentos? O que você acha? Conte para gente nos comentários abaixo!

Futuro dos relacionamentos, transparência e vigilância

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