Substituiremos relações reais por relações virtuais?

Há algum tempo estive em uma palestra promovida pelo match.com, maior conglomerado de redes de encontros do mundo. Nessa ocasião, foi divulgada uma estimativa de que cerca de 30% dos seus clientes nunca sairiam com ninguém na vida real, mas estariam absolutamente satisfeitos com o serviço oferecido pelas plataformas.

Esse número, ainda que lentamente, vem crescendo ao longo dos anos.

Era dominada pelas mídias sociais

Vivendo numa era dominada pelas mídias sociais, onde projetamos diariamente a vida que gostaríamos ter e não necessariamente a que vivemos de verdade, é possível refletir sobre a possibilidade da troca das relações reais por relações virtuais.

Um estudo publicado pela Box1824 sobre o comportamento do jovem americano, realizado na primavera do ano passado, também traz insights interessantes:

A comida que hoje inunda feeds de Instagram e é mais fotogênica que nós pobres mortais deixou de ter uma ligação com a saúde e passou a se relacionar com identidade. A sua escolha alimentar, tanto quanto as suas selfies, dizem quem você é. Bem estar deixar de ser sinônimo de cuidado com o corpo e passa a refletir uma suposta sensação de controle sobre si. Amigos, mais que relações de amor e cumplicidade, se traduzem em métricas de alcance em redes sociais. Me pergunto quanto disso pode ser extravasado para outras relações, como as de amor e, por que não, o sexo.

Relações virtuais que nunca saem do virtual

Eu, que trabalho em uma rede social de sexo, recebo com alguma frequência reclamações de clientes que se sentem enganados por pessoas que, apesar de anunciarem em seus perfis que estão afim de encontros (e compreenderem que essa é a principal função do site), nunca sairão do virtual. No meu dia a dia, recebo esse mesmo tipo de feedback de outros apps e sites similares.

As pessoas são ensinadas a desprezar o contato pessoal

No livro The Naked Sun , o renomado autor de ficção científica Isaac Asimov, responsável por diversas previsões concretizadas ao longo dos anos, como a invenção da internet e a ascensão desse mal coletivo chamado tédio, descreve um planeta com escassa população humana, onde cada pessoa possui um contingente de 10 mil robôs positrônicos para lhe servir. Diante dessa realidade, as pessoas são ensinadas a desprezar o contato pessoal e a holografia dá conta de quase todo contato pessoal necessário.

Assim, ele expõe uma tendência humana de dependência cada vez mais alarmante da tecnologia, assim como o isolamento de indivíduos em suas bolhas onde relacionamentos virtuais substituiriam as relações reais. Qualquer semelhança com Instagrams e Facebooks talvez não seja mera coincidência.

Nesse sentido me pergunto se, num futuro próximo, relações e sexo reais não serão simplesmente superados tornando inclusive meu produto e serviço irrelevantes. Parece radical, mas a verdade é que ao longo dos anos cada vez mais verdades universais como a troca de relações reais por relações virtuais têm sido descartadas com grande facilidade. Essa, hoje soa chocante, seria apenas mais uma.

 #futurodosexo #somostodosresponsáveis

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- Nerd sex-positive, acredita que informação é mais poderosa que tabu.