O poder da parentalidade no futuro

Por muitos anos foi possível identificar uma hierarquia clara dentro da sociedade, principalmente, nos núcleos familiares. As referências eram mantidas geração após geração. Os modelos e os papéis eram bem claros: as principais funções dos pais diferiam claramente das funções das mães, dos avós, do filhos mais velhos, das meninas e assim por diante. Longe de querer, neste momento, avaliar as qualidades ou falhas desse modelo  falaremos das implicações das mudanças de hierarquia de parentalidade e das suas tendências para uma reflexão que se faz necessária hoje.

O poder da parentalidade no futuro

Parece que em certo momento as pessoas não se identificaram mais com essa forma de educação comando-controle, e abriu-se mais espaço para o DIÁLOGO, para dar voz aos filhos, para entender sobre o desenvolvimento infantil, e partir desse, experimentar novas formas de educação.

Além disso, novos desafios emergem, entre eles a mudança dos estereótipos em torno dos papéis pai-mãe e também os desafios presentes nos novos formatos familiares, em que são possíveis famílias cujos integrantes ocupam em funções diversas.

Múltiplos formatos e possibilidades de parentalidade

Hoje, vemos famílias de múltiplos formatos: casais de pais divorciados que agrupam filhos de outras relações; crianças que tem mais de uma referência feminina ou masculina; crianças que passam pela infância sem a presença de uma referência de algum dos sexos. E por mais que cada família entenda-se resolvida da forma que for, nos grandes centros de convivência como a escola, esses novos formatos e possibilidades ficam evidentes e certas perguntas vem à tona. Ou seja, as relações têm mais LIBERDADE, assim como as crianças hoje têm mais VOZ.

Ensinar sobre relações, começando pelas familiares em casa, tornou-se um leque aberto e de extrema complexidade. A sociedade negou a referência arcaica, em uma intenção consciente da mudança de educação. Mas será que chegou no formato que desejava?

  • Vejo que os pais perguntam-se, num grito íntimo e silencioso:
  • Qual é o limite dessa criança?
  • Qual é meu  poder como pai ou mãe (tios, avós e muitas vezes também cuidadores)?
  • Qual é o alinhamento possível entre os responsáveis?
  • Qual é a medida das regras que seja saudável, mas que não me faça encarar a face tão repudiada e abdicar da educação impositiva e abusiva?
  • Qual a minha responsabilidade?
  • Dúvidas que emergem porque hoje as crianças demandam, decidem, questionam e se afastam.  

O investimento nos estudos esperando uma linearidade de planos ou o acúmulo de bens para os herdeiros parece não fazer mais o menor sentido. Mas nem sempre abandonar o obsoleto significa alcançar o ponto desejado. Há uma construção a ser feita no percurso. Não estamos no ponto de chegada, fato! Mas se não continuarmos construindo a estrada, ficaremos perdidos no caminho, assistindo o adoecimento das relações dos nossos filhos, que já não terão um norte ou caminhos a escolher.

Parentalidade 2

Necessidade de regeneração da hierarquia de parentalidade

A hierarquia de parentalidade que era tão clara precisa ser REGENERADA. Mas mantida! Sim! Isso não significa abuso de poder, mas saber usar as tantas informações e conquistas que estão à nossa frente. Fica claro que esse incômodo move para a experimentação, buscas e o radar ligado.

Mas e os pais, olham para as próprias relações? Abriram-se para falar? E para trocar com x parceirx sobre? Permitem-se SENTIR? Esse é com certeza um caminho importante de reflexão para gerar mudanças. Pais/responsáveis representam o sustento e a construção da estrada da vida das crianças. E como todo caminho, precisa de limites, regras, vigilância. Assim como, sendo seres humanos, precisam mais do que nunca de presença, amor, afeto e contato.

A NOVA HIERARQUIA DE PARENTALIDADE vem exatamente do PODER que os pais têm diante desse papel! Cada momento de afeto, de acolhimento (ou falta deles), impactam diretamente a vida e a personalidade dos filhos. O olhar e as palavras são capazes de escrever, estimular ou delimitar a forma como aquele pequeno indivíduo se vê e como se relacionará para o resto de sua vida.  

É preciso que os pais olhem de perto para si, conheçam a própria sombra e saibam que esse poder que tem em mãos só será bem utilizado com AMOR e muito AUTOCONHECIMENTO. Estar DISPOSTO a humanizar-se e aprender, a construir a nova educação COM seus filhos, será a troca e o investimento mais valiosos que farão para seus “herdeiros”.

Sexs filhxs buscarão o próprio propósito. Mas precisarão da capacidade interior de lidar com o mundo e de construir o que acreditam, com empatia e resiliência… Educá-los para isso pode ser então o SEU poder e SEU legado com maior sentido.

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Imagens: VisualHunt

O poder da parentalidade no futuro

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Sobre o Autor
- Psicóloga Clínica Biodinâmica e palestrante, empreendedora e interessada em inovação social.